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A Eisenmann do Brasil: Em breve, Pentanova


TS 230 27 de julho de 2022 | Por: Portal TS
A Eisenmann do Brasil:  Em breve, Pentanova

Conversamos com Alexandre Coelho, CEO da Eisenmann do Brasil, para conhecer todos os detalhes da aquisição da empresa pela austríaca Pentanova e saber as novas diretrizes para o mercado brasileiro em pintura industrial e de fluxo 

Alexandre Coelho
CEO da Eisenmann do Brasil

 

Recentemente, o mercado foi surpreendido com uma boa notícia: a Pentanova, empresa global, com sede na Áustria, especializada em automação, adquiriu as plantas da Eisenmann pelo mundo, incluindo a do Brasil. No fim de 2019, a empresa, de origem alemã, declarou insolvência, mas já desde 2018, a unidade brasileira vinha com uma restruturação, conseguindo se manter no mercado nacional. “Este foi um desafio fantástico: manter a empresa no Brasil e encontrar uma solução para a sua sobrevivência. As portas estavam fechadas para os negócios e, no meio do caminho, tivemos a pandemia. A grande depressão do mercado, com os investimentos totalmente paralisados, foram momentos muito desafiadores. Conseguimos, contudo, superar as dificuldades e encontramos um novo acionista: a Pentanova. Diferente de tudo aquilo que eu vivenciei, mas incrivelmente recompensador”, explica o CEO, Alexandre Coelho. 

A Eisenmann do Brasil possui fábrica em Cruzeiro, SP, uma planta, de pintura industrial e de fluxo, premiada – entre as láureas, o troféu Volkswagen e o Mercedes-Benz, como melhor fornecedor e excelência em serviços, respectivamente. Focada na indústria automotiva, a companhia vê o mercado mudar, com novas possiblidades, agora com a força da Pentanova. “Com a aquisição pela Pentanova, o mercado automobilístico está se reabrindo para a nossa empresa. Hoje temos potencial para atender o mundo inteiro. Além da China, visualizamos a possibilidade de entrar no mercado americano ainda neste ano. Além disso, o agronegócio no Brasil continua a todo vapor e percebemos claramente uma mudança de patamar tecnológico para o segmento de máquinas agrícolas, o que cria oportunidades. Nosso crescimento resultará da soma desses fatores: o retorno para o mercado automobilístico, a possibilidade de avançar no mercado internacional e a apuração do mercado agrícola, caminhando para um novo patamar tecnológico”, explica Coelho. 

O executivo, que continua no comando com a nova gestão, teve sua carreira pautada no segmento automotivo, começando pela General Motors e, posteriormente, auxiliando na implantação da fábrica da Peugeot no Brasil, trabalhando também na França. Atuou ainda na Volkswagen, culminando na Eisenmann, onde, em 2019, se tornou Diretor Geral; agora CEO da unidade brasileira junto à Pentanova. É com ele que iremos conversar para conhecer todos os detalhes da aquisição da empresa austríaca e as novas diretrizes para o mercado brasileiro, onde a companhia pretende investir até R$ 15 milhões e crescer 20% só em 2022; como? Você vai saber agora. 

Parque fabril da Eisenmann, em Cruzeiro-SP

 

 Além da aquisição pela Pentanova, quais são as principais novidades da Eisenmann no Brasil? 

Estamos entrando em novos mercados com nossos produtos. Existem desenvolvimentos internos de novas tecnologias, principalmente na parte de software. Estamos alinhados com a indústria 4.0 e consolidando este processo.

 Quais foram as principais ações que levaram a empresa a se reestruturar e garantir sua recuperação em 2021? 

A reestruturação teve início em 2018, a partir de uma visão direcionada ao aumento da produtividade e melhoria da competitividade. Quando a matriz declarou a insolvência e, logo na sequência, enfrentamos a pandemia, já havíamos começado a executar as ações de saneamento da empresa, reduzindo custos, eliminando o desperdício e processos que não adicionavam valor. Revisamos todos os nossos processos e, em 2021, fechamos um projeto grande com o Grupo Jacto. Tudo isso possibilitou a continuidade da trajetória de recuperação da empresa e, claramente, preparou a venda da empresa. O novo momento é, portanto, o resultado de um trabalho iniciado há três anos.

 A estimativa de crescerem 20% em 2022 está se confirmado? Qual área está sendo responsável para elevar o faturamento? 

Com a aquisição pela Pentanova, o mercado automobilístico está se reabrindo para a nossa empresa. Hoje temos potencial para atender o mundo inteiro. Além da China, visualizamos a possibilidade de entrar no mercado americano ainda neste ano. Além disso, o agronegócio no Brasil continua a todo vapor e percebemos claramente uma mudança de patamar tecnológico para o segmento de máquinas agrícolas, o que cria oportunidades. Nosso crescimento resultará da soma desses fatores: o retorno para o mercado automobilístico, a possibilidade de avançar no mercado internacional e a apuração do mercado agrícola, caminhando para um novo patamar tecnológico. 

 Qual o potencial do segmento agro para vocês, em que área desse setor pretendem focar os seus esforços? 

Buscamos os equipamentos agrícolas que tenham maior valor agregado, com o perfil para nossa tecnologia, ou seja, grandes empresas e produtoras de maquinários agrícolas, como as multinacionais John Deere, CNH, AGCO, Caterpillar, e grandes empresas nacionais, como a Jacto e a Stara, que atuam nesse mercado. Além disso, há empresas de transporte rodoviário e, agora, também ferroviário, como Randon, Librelato, Noma, entre outras menores desse setor. Também estamos atentos à parte de silos agrícolas. Observamos que o produtor rural, que antes colocava o produto da safra diretamente no caminhão e mandava para o porto ou para a indústria, está desenvolvendo uma cultura do armazenamento A demanda por silos no Brasil, assim, está aumentando trazendo novas oportunidades. 

 

Parque fabril da Eisenmann, em Cruzeiro-SP

 PENTANOVA 

 Conte-nos um pouco o histórico da negociação coma Pentanova? 

Durante o processo de insolvência da Eisenmann, a Pentanova adquiriu uma unidade de negócios da empresa especializada em movimentação logística. Na sequência, realizou a aquisição da subsidiária do México e em seguida da unidade do Brasil. Fazia todo o sentido adquirir esta unidade do Brasil considerando que estava em plena recuperação em 2021, com uma engenharia madura e consolidada, assim como uma unidade fabril em Cruzeiro. Foi uma oportunidade muito interessante para uma empresa que buscava novos investimentos e tinha capital disponível. Em associação com a Pentanova dos Estados Unidos, este caminho se mostrou interessante também para consolidar o mercado nas Américas, ocupando o lugar que a Eisenmann global havia deixado.

 Quais foram os principais desafios da negociação e quais as principais diretrizes da Pentanova para a Eisenmann do Brasil? 

No passado, a Pentanova foi um grande fornecedor da própria Eisenmann, com soluções de automação industrial, além de importante parceira da Eisenmann, participando de projetos como o da Volkswagen, em Taubaté, da Mercedes, em Juiz de Fora, e da Fiat, em Betim. Agora a diretriz principal é focar no mercado dos EUA, não esquecendo do mercado nacional, através de engenharia e fabricação no México e Brasil, que são de mais baixo custo em comparação aos EUA. O maior desafio é fazer a integração dessas unidades, capitalizar o conhecimento e a história que vêm da Eisenmann e fazer a transição para Pentanova.

 Quais serão as primeiras mudanças esperadas planificadas pela nova gestão? Nesse sentido o que se pode esperar de novidades para a fábrica em si? 

A Pentanova tem uma postura mais conservadora. Está disposta a novos investimentos, mas tem uma visão de longo prazo, de consolidação, utilização de capital próprio, sem exposição à dívida. Essa é uma mudança em relação ao posicionamento anterior da Eisenmann. Vamos retomar o mercado de forma orgânica, com um crescimento de forma sustentada, robusta, com fundamentos. 

 O plano de expansão da fábrica da Eisenmann no Brasil, projetado pela Pentanova, prevê investimento de até R$ 15 milhões; quais áreas serão contempladas por esse aporte? 

Este investimento contempla uma visão de 4 a 5 anos, prevendo um crescimento no mercado americano. Pretendemos expandir a nossa fábrica no Brasil para atender aos projetos que poderão vir dos Estados Unidos. Esse investimento e seu andamento vão depender do desenvolvimento dos projetos, do mercado e da macroeconomia.

Há outros investimentos na parte tecnológica, de softwares utilizados em nossos projetos e em treinamento do nosso pessoal. Estamos buscando o nível mais alto para nossa engenharia, no sentido de ganho de produtividade e competitividade. Estes são investimentos de menor monta, pois não demandam capital muito intensivo. 

 FÁBRICA 

 Como se dará a dinâmica entre a sede austríaca e a brasileira? Qual será o principal intercâmbio de informações e tecnologia entre as empresas? 

Há oportunidades para trazer ao Brasil os produtos e a carga de conhecimento de automação da Pentanova, abrindo uma nova frente de negócio. Estão sendo integradas ao time pessoas de grande conhecimento que podem nos suportar com conhecimento técnico. A Pentanova também está se fortalecendo com profissionais da área de tratamento de superfície. 

 Mesmo atuando em outras áreas, a Eisenmann do Brasil tem o segmento automotivo como foco principal, esse cenário ainda é realidade? 

O mercado automotivo é grande e inclui toda a parte de caminhões e o setor de autopeças. Percebemos que o setor de autopeças está com um parque industrial bastante defasado e que, em algum momento, vai precisar ser atualizado. Esperamos em torno de 50 a 60% de participação do faturamento do segmento automotivo. Podem ocorrer variações de ano a ano, dependendo dos projetos conquistados, mas sem dúvida este é um segmento que continua importante. 

 Há uma tendência de queda mundial na produção automotiva? Como a empresa está se preparando para esse impacto? 

A diversificação para manter a estabilidade de receita faz parte do nosso planejamento estratégico. Entendemos que cada setor tem seus ciclos de investimentos e de crescimento e isso nos impacta diretamente. Consideramos entrar no mercado americano, fortalecer a nossa presença no agronegócio e aumentar, se possível, a nossa carteira de contratos de serviços – manutenção, limpeza, técnica e operação de linhas. Nossa receita para possíveis retrações de mercado é a diversificação.

 O que é a fábrica do futuro? Nesse sentido, o que podemos esperar da fábrica no Brasil? O que vocês entendem por indústria 5.0? Qual a próxima grande revolução na indústria? 

Estamos em um processo de consolidação da indústria 4.0. O agro no Brasil, por exemplo, está saindo de um patamar tecnológico para outro, mas ainda distante da última tecnologia. Já a indústria automobilística, que normalmente lidera os avanços com tecnologias de ponta, está em um momento de baixa de investimentos. O Brasil ainda se mantém há alguns passos de uma supertecnologia. Assim, acredito que bastaria atualizar as nossas linhas, não para algo supermoderno, mas apenas elevar para patamares necessários neste momento. No caso do nosso mercado, considero relevante a utilização de cabines, com os sistemas a seco (não úmidos) para a remoção da tinta. Isso precisa se consolidar no Brasil. Também entendemos que é necessária uma automação maior das linhas de produção, ou seja, a utilização de robôs em locais nos quais ainda há um humano exercendo a função.

 Nesse sentido, como minimizar os impactos no capital humano na automação da produção? 

A automatização ainda vem ocorrendo em áreas de menor valor agregado, que dependem de menos conhecimento técnico. Ressalto, contudo, que quanto mais a empresa é automatizada, maior é sua necessidade por profissionais com competência para gerenciar a automação. Então, ao mesmo tempo em que há riscos, há oportunidades. Este é um novo patamar de trabalho, que requer mais conhecimento e mais formação. 

 TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE 

 Atualmente, qual o processo mais demandado em TS na Eisenmann do Brasil? O que essa demanda reflete, em sua opinião? 

Temos percebido uma demanda crescente por pintura a pó, principalmente no mercado do agronegócio, o que reflete uma demanda por maior resistência para os produtos dos nossos clientes. Esta procura se dá principalmente em instalações com jato de granalha, um pré-tratamento de superfície e, na sequência, uma aplicação de tinta a pó. Algumas empresas que não tinham a tecnologia da eletrodeposição, e do e-coat, também estão passando para esse patamar.

 Qual a grande tendência do setor de tratamento de superfície?  

Existem algumas tecnologias já consolidadas. Vejo um movimento crescente de clientes buscando essas tecnologias conhecidas e que ainda não estavam dentro do parque produtivo deles. Percebemos esta busca, principalmente, no agronegócio. 

 E, em especial, a tendência em tratamento de superfície no segmento automotivo? 

No mercado automotivo a busca maior é pela automação das linhas, ou seja, pela diminuição da mão de obra humana nas linhas de produção e, consequentemente, utilização de mais robôs. Desta forma estamos desenvolvendo produtos de maior qualidade. 

 Qual é o segmento de maior potencial para a indústria de superfície e por quê? 

Os segmentos de maior potencial continuam sendo a pintura a pó e a eletrodeposição. Os clientes estão buscando por estes dois processos e esta demanda vai persistir.

 O que podemos esperar da Eisenmann do Brasil? 

A Eisenmann do Brasil (em breve, Pentanova) é uma empresa que está preocupada em resolver os problemas dos seus clientes em todos os aspectos relacionados ao tratamento de superfície. Está dentro do nosso DNA entregar um padrão de qualidade e uma solução adequada às necessidades dos clientes. As instalações de pinturas duram de 10 até 30 anos. Vamos sempre trabalhar em parceria com o cliente, pois as instalações envolvem valores elevados e exigem decisões acertadas. Cobrimos toda a fase de engenharia e o ciclo completo de vida de uma instalação: as partes de serviços, de treinamento e de assistência técnica. Temos competências internas de engenheiros capacitados quanto a equipamentos e conhecedores de processos de tratamento de superfície, conhecedores de manutenção, de produção, toda a gama que faz parte desse universo de tratamento de superfície. Nos destacaremos no mercado por nossas soluções e entregas adequadas para cada cliente e para necessidades específicas. 

 

 

 

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