icone Linkedinicone Facebookicone Instagramicone youtube

Meio século de inovações

Adeval Antonio Meneghesso não foi apenas testemunha ocular de todas as mudanças vivenciadas no Brasil e no mercado de TS, foi autor de várias inovações que revolucionaram o setor e vigoram até hoje

TS 222Grandes Profissionais 03 de fevereiro de 2021 | Por: Ana Carolina Coutinho
Meio século de inovações

 

“Naquele ano, o país passava por momentos políticos turbulentos, sendo necessária a intervenção dos militares, que passaram a governar o país, tratava-se da primeira crise que enfrentei...”

Adeval Antonio Meneghesso

 

Formado em Engenharia Química, pela Escola Superior de Química Oswaldo Cruz, em 1974, Adeval Antonio Meneghesso possui uma longa jornada no setor de Tratamento de Superfície, onde pautou sua carreira no segmento de alumínio. Desde 1966 atua no setor, quando iniciou, ‘casualmente’ – como ele gosta de dizer - logo após se tornar técnico em Química Industrial. A história dele intercambia com um momento relevante do próprio Brasil. “Naquele ano, o país passava por momentos políticos turbulentos, sendo necessária a intervenção dos militares, que passaram a governar o país, tratava-se da primeira crise que enfrentei, porém, os dez anos seguintes foram de crescimento econômico invejado pelo mundo, passando nossa economia da 46ª posição para a 8ª posição”; conta. 

Em sua história particular também não eram tempos fáceis. “O início da minha carreira técnica em Acabamento de Superfície do Alumínio foi muito difícil, em função da minha juventude – estava na época com 19 anos – e uma evidente inexperiência no setor, quando fui convidado pelo Sr. André Mehes Filho, proprietário de uma fábrica de esquadrias (portas e janelas) de alumínio anodizados, para executar o projeto de uma Linha de Anodização para concorrer como fornecedora ao mercado de São Paulo e para suprir as necessidades de sua fábrica”, diz.

Para somar nesse contexto, o processo de trabalho na época era bem diferente do vivenciado hoje, como descreve o executivo: “As Linhas Galvânicas de Tratamento de Superfície de Metais, como Cromação, Niquelação, Zincagem, Anodização, etc., operavam de maneira arcaica, todas de forma manual e sem a mínima preocupação com a segurança, a saúde dos colaboradores e o meio ambiente, que era totalmente ignorado pelo descarte dos efluentes gerados diretamente nos rios e córregos”. 

Voltando ao seu primeiro projeto de anodização, foi lá na fábrica do Sr. Mehes Filho que Meneghesso, diante do desafio que se apresentava, também viu uma oportunidade, como ele mesmo relata: “Finalizado o projeto de Anodização, constatei que eu teria muita dificuldade para penetrar no setor como fornecedor. O mercado de tratamento de superfície do alumínio era dominado por um grupo muito restrito de empresas com procedimentos e regras rígidas de comercialização, foi quando percebi que a rigidez das regras comerciais deixava lacunas que vislumbrei como possibilidade para apresentar soluções inovadoras para a época, com a finalidade de reorganizar o comportamento do mercado, com novas diretrizes de operação e comercialização que eu estava disponibilizando”. Ali, diante da dificuldade, o executivo vislumbrou uma nova forma de trabalho; e ele sabe disso: “Tive a honra de ter sido o percursor da modernização do Setor de Tratamento de Superfície do Alumínio – Anodização e Pintura, interferindo e modificando a forma de operação e gestão do mercado como um todo, pela apresentação de propostas operacionais originais que vigoram até os dias de hoje”.

Entre suas inúmeras contribuições, podemos citar a instalação da primeira Linha de Anodização para perfis de alumínio em barras de 6 metros em vez de em pequenas dimensões; permitindo que a fábrica de janelas e portas de alumínio produzissem as esquadrias em uma única vez. Sua ideia otimizou a operação indústria com uma produção muito mais eficiente e econômica. A redução nos custos de produção foi de mais de 50%. Ele detalha: “Nos anos de 1970/80, o mercado de perfis de alumínio para a fabricação de portas e janelas operavam da seguinte forma: as barras de alumínio eram cortadas em peças nas dimensões solicitadas pelos desenhos executivos, essas peças eram usinadas e em seguida a janela ou a porta era montada e verificada a sua funcionalidade. Estando aprovado o projeto, a montagem e o seu funcionamento, eram totalmente desmontadas e as peças eram enviadas para a empresa que executaria os serviços de Anodização; posteriormente, as portas e janelas eram montadas novamente na fábrica de Esquadrias, para a entrega ao cliente final”. 

Meneghesso lembra que os preços eram cobrados por m2 de superfície anodizada. “As empresas eram muito criticadas tanto pela perda de peças, que caiam nos banhos, como por erros grosseiros no cálculo da quantidade de m2 de superfície processada e ainda pelo prazo de entrega extremamente longo”. Foi vivenciando essa rotina que Meneghesso teve um insight: “Comecei a observar a forma que o segmento do mercado comercializava os serviços de Anodização e Pintura e o desconforto que esses procedimentos causavam aos usuários. Realizei um estudo de todas as linhas de perfis de Alumínio existentes e comercializadas para o mercado de Esquadrias e determinei o ‘Peso Médio Padrão de 1 m2 de Superfície de Alumínio’. Essa inovação simplificou e resolveu toda a insatisfação pela cobrança dos serviços, acabando com as divergências entre prestador do serviço e cliente usuário”, revela e acrescenta que foi o responsável também por criar um atendimento preferencial (que chamou de Retira para Beneficiamento / Entrega após Beneficiamento) aos clientes de anodização e pintura. 

Mil toneladas/mês

Seu jeito inovador de liderar chamou a atenção e, em 1976, ele foi chamado por outra empresa para finalizar a implantação de uma linha de anodização. Era um desafio de mil toneladas por mês. “Fui convidado pela Alcan Alumínio do Brasil para finalizar o projeto de instalação de uma linha de Anodização com capacidade para 500 toneladas/mês e uma Linha de Pintura com capacidade, também, para 500 toneladas/mês na fábrica de São Caetano do Sul; além de gerenciar o Departamento de Acabamento de Superfície na função de ‘Surface Finish’.

Além de trabalhar com as produções de grande porte, o executivo foi incumbido de migrar a tecnologia de coloração de alumínio anodizado, da Inglaterra para o Brasil. Ele lembra: “A Alcan também inovou, oferecendo ao mercado do alumínio a tecnologia de Eletrocoloração de perfis de alumínio anodizados, atendendo uma gama de cores que começava pela champanhe, passava pelos tons de bronze e finalizavam na cor preta, processo, de propriedade da empresa, denominado Anolok, que se tornou protagonista nas modificações arquitetônicas ocorridas naquela época”.

Enquanto isso, novas transformações pontuais voltariam a ocorrer no Brasil, eram as décadas de 1980 e 90, onde ocorreu de tudo um pouco: ‘Diretas Já’; hiperinflação, abertura econômica... Nesse contexto, que o executivo lembra ter sido, principalmente, de “um crescimento econômico pequeno e irregular”, algo interessante aconteceu no setor de tratamento de superfície, mas, sobretudo na própria vida profissional de Meneghesso: foi quando ele passou de funcionário a empresário. “Com a evolução e o aumento do uso e consumo do alumínio no mercado da construção civil, pela minha ótica, ficava evidente a falta de fornecedores de insumos no mercado nacional para os processos de Anodização e Pintura, bem como técnicos especializados para assistência técnica de processo que contribuíssem com as novas necessidades técnicas exigidas pelo mercado”. Ele continua: Nessa época, o principal problema técnico de uma linha de Anodização ocorria na etapa de fosqueamento do alumínio. A etapa do fosqueamento é composta por uma solução de soda cáustica que, em contato com o alumínio, reage isotermicamente, formando um precipitado sólido de hidróxido de alumínio. Esse precipitado ficava aderido às paredes e ao fundo do tanque, sendo necessário o uso de pás e picaretas para a remoção desse precipitado para a limpeza do tanque. Todo esse trabalho era feito manualmente pelos operadores da linha que eram expostos a níveis de riscos de segurança elevados. Percebendo essa lacuna de fornecimento de insumos por parte dos fabricantes de produtos químicos para a galvanoplastia, iniciei e fui muito feliz no desenvolvimento de um aditivo de fosqueamento capaz de manter o precipitado de hidróxido de alumínio solúvel na solução de soda cáustica na forma de aluminato de sódio”. Tal ideia fez nascer a própria companhia do executivo, a LL Industria de Produtos Químicos Ltda.

“Tive a honra de ter sido o percursor da modernização do Setor de Tratamento de Superfície do Alumínio – Anodização e Pintura, interferindo e modificando a forma de operação e gestão do mercado como um todo, pela apresentação de propostas operacionais originais que vigoram até os dias de hoje”

Meneghesso tem uma parceria de mais de 30 anos com a italiana Italtecno no Brasil

O futuro já chegou: bem-vindo 2021

Assim, a saída da Alcan, em 1992, foi um acontecimento natural que também permitiu o início de uma nova fase para o empresário: a associação da LL Indústria de Produtos Químicos com a Italtecno da Itália. “A transferência de tecnologia e ‘expertise’ dos italianos em acabamentos para o alumínio possibilitou um grande salto tecnológico ao segmento de Tratamento de Superfície no mercado brasileiro, permitindo nosso nivelamento técnico e qualitativo quando comparado com os mercados mais adiantados do mundo”, conta Meneghesso. Foi uma revolução: “De posse dessa tecnologia, a Italtecno do Brasil implantou em nosso mercado as mais avançadas tecnologias de processos e produtos com equipamentos de última geração desenvolvidos na Europa para linhas de Anodização e Linhas de Pintura do alumínio. A empresa atuou fortemente na automação de equipamentos, resultando no desenvolvimento de novas cores, em sistema ácido-ácido para o Pré-Tratamento do Alumínio para Pintura, desenvolvimento da Tecnologia Sino, Conversor isento de cromo...”, conta orgulhoso e antevê: “Tenho certeza que as empresas do segmento de tratamento de superfície, para sobreviver no futuro, deverão operar de forma robotizada, com processos automáticos e sustentáveis, optando pela seleção de compostos químicos de baixa agressividade ao meio ambiente e ao ser humano, e pela recuperação, regeneração e recirculação total da água utilizada nesses processos”, finaliza. 

Após mais de 50 anos atuantes em tratamento de superfície, Adeval Antonio Meneghesso continua na ativa, já são quase três décadas de parceria com a empresa italiana, onde atua como Diretor Superintendente da Italtecno do Brasil. 

 

Notícias relacionadas

Este site usa cookies do Google para fornecer serviços e analisar tráfego.Saiba mais.