Focado na busca de inovações que possam alcançar um novo estágio na performance do revestimento, redução de custos diretos e indiretos e obtenção de processos mais ecológicos, a industria de tintas e vernizes vêm investindo alto para atender às expectativas do mercado. Na contra mão estão a escassez e o aumento nos preços dos insumos derivados ou dependentes do petróleo.
No passado os fabricantes de tintas se limitavam a atender aos requisitos dos seus clientes, porém na atualidade a exigência está em oferecer sistemas de pintura que superem em muito aos padrões preestabelecidos, transferindo assim, ao segmento, a obrigação em investir em tecnologia e inovação, sistemática e constantemente. Este perfil de atuação tende a levar as empresas a buscar uma eficiência operacional bastante refinada para não entrar em parafuso e acabar sucumbindo face aos resultados projetados e não alcançados.
O segmento de tintas automotivas originais, na América Latina, por exemplo, é um dos mais complexos de ser atendido face à baixa produção de carros comparada à produção mundial representado apenas cerca de 5% dela. O número de montadoras na região é ao redor de 25, tendo também vários sites produtivos espalhados na região, obrigando os fornecedores de insumos a dispor de um atendimento diferenciado para cada montadora e muitas vezes por unidade produtiva. Neste segmento não existem produtos de prateleira que possam atender a varias montadoras. O custo de desenvolvimento, manufatura e serviços são desta forma muito altos, na maioria das vezes não sendo ressarcido pelo preço final pago pelo fabricante, que toma como base, entre outros fatores, os preços globais praticados.
Outro fator agravante é o número de cores que as montadoras têm em seu portfólio o que aumenta o custo geral envolvido, além de trazer uma complexidade de atendimento muito grande, sem contar com a dificuldade de se pintar poucas unidades diariamente para atender a demanda do mercado. Um fato importante a ser também considerado é a redução importante no consumo de tinta por veículo pelo fato de que as montadoras têm adotado processos de pintura mais eficientes, através de equipamentos e tintas mais modernas, projetando-se a uma nova realidade envolvendo a novas e específicas matérias primas, aumentando o conjunto de insumos a administrar.
Assim sendo, a procura hoje recai nas tecnologias que possam render mais por litro comprado e por sistemas que eliminam etapas intermediárias e neste tópico o destaque é para os chamados “sistemas integrados”.
Há duas tecnologias que vem largamente sendo estudadas as quais na minha opinião, deverão ser mundialmente adotadas num futuro próximo. Uma delas, mais simples, utiliza praticamente as instalações existentes, onde se aplica um fundo colorido, a base que forma a cor e o verniz final sem as curas intermediárias, necessitando somente a etapa final de cura na estufa do verniz. Com isto, além do custo de energia, há menor manipulação no veículo não havendo a etapa de lixamento e cura do primer surfacer. O conjunto atende na maioria dos casos, às necessidades de aparência e brilho obtidos no processo convencional.
O outro sistema ainda mais ecológico e eficiente é aquele onde se suprime definitivamente a etapa de primer surfacer aplicando-se duas camadas da base colorida em uma mesma cabina recebendo ainda úmida a camada final e verniz. Estas bases coloridas, hidrossolúveis, combinam a função do primer, tais como resistência a batida de pedras e resistência a raios ultravioleta, com o efeito estético de brilho e aparência importantíssimo na pintura final de um veículo, atingindo aos mais altos padrões de qualidade exigidos pelas principais montadoras de veículos.
Nas novas instalações a serem construídas, em se escolhendo este processo, reduz o total do capital a investir pela supressão da etapa do primer surfacer além de outros benefícios, inclusive emissão de vapores, mão de obra etc. Ambos processos tem também como um dos objetivos principais, a redução do tempo de pintura por veículo aumentando a produtividade.
Como pode ser visto, há enormes oportunidades eclodindo pelos grandes centros produtivos no mundo, na tentativa de tornar a locomoção automotiva ainda mais utilizada e menos agressiva ao meio ambiente, sendo que o segmento de tintas vem como vimos, respondendo a altura, à estas necessidades.
(Nota: Este artigo foi escrito e editado em meados de 2007 para a revista Tratamento de Superfície)
