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Bruno Mattana


Entrevista TSTS 231 11 de setembro de 2022 | Por: Portal TS
Bruno Mattana

“Já passamos por altos e baixos, crises e épocas de esplendor, e o segmento de tratamento de superfícies continua”

Bruno Mattana realizou a sua trajetória profissional na galvanoplastia, passando a sólida Coventya, que comandava há muitos anos, à Element Solutions (MacDermid Enthone).  Nesta entrevista, ele traz importantes reflexões sobre o setor onde atuou por quatro décadas 

Bruno Mattana consolidou sua carreira na galvanoplastia, onde atuou por quatro décadas. De profissional operacional a empresário, tornou-se, Diretor-Presidente no Brasil de uma gigante global, a Coventya, recentemente adquirida pela Element Solutions (MacDermid Enthone). “No mundo globalizado, as aquisições entre empresas, mesmo que concorrentes, não são consideradas como uma surpresa, trata-se da obtenção de fortalecimento no mercado em que elas atuam”, explica.

O executivo acrescenta: “Em específico, a aquisição da Coventya pela Element Solutions (MacDermid Enthone) traz uma grande sinergia tecnológica e de mercado. Isto vem a favorecer seus clientes na obtenção de aporte técnico, assistência técnica e desenvolvimento de novos processos. São empresas que se complementam, o que aumenta sua capacidade de atender os mercados mais exigentes e competitivos”.

No alto de seus 40 anos de atuação em tratamento de superfície, Mattana, agora aposentado, nos concede esta entrevista onde traz considerações sobre sua carreira, a compra da Coventya e, principalmente, sobre o mercado em que fez sua trajetória e o seu nome. Acompanhe. 

 

O sr. atua há quase 40 anos na indústria de Tratamento de Superfície, quais foram os momentos mais pontuais da indústria vivenciados por você? Por quê?

Ao concluir meus estudos, fui contratado pela empresa Eberle, hoje Mundial S.A., para trabalhar no setor de tratamento de superfícies e lá pretendia seguir minha carreira profissional. Após 18 anos, nessa empresa, fui convidado a montar uma distribuição do Centro Galvanotecnico di Toscana (CGT), empresa formuladora de aditivos para banhos galvânicos de Florença, na Itália. Ao aceitar, dei o passo mais importante para minha vida profissional, nascendo assim, o Centro Galvanotécnico Latino (CGL) e alguns anos após a Coventya do Brasil.

 

E, em especial, na Coventya? 

Com a fusão entre CGL e Coventya tivemos um expressivo aporte tecnológico, sobretudo no setor protetivo, o que nos possibilitou o desenvolvimento da empresa no mercado automotivo, fator determinante para o crescimento da mesma.

 

A aquisição da Coventya pela Element Solutions (MacDermid Enthone) foi uma surpresa? O que pode nos dizer sobre essa aquisição? Quais serão os principais ganhos entre as duas gigantes globais?

No mundo globalizado, as aquisições entre empresas, mesmo que concorrentes, não são consideradas como uma surpresa, trata-se da obtenção de fortalecimento no mercado em que elas atuam. Em específico, a aquisição da Coventya pela Element Solutions (MacDermid Enthone) traz uma grande sinergia tecnológica e de mercado. Isto vem a favorecer seus clientes, na obtenção de aporte técnico, assistência técnica e desenvolvimento de novos processos. São empresas que se complementam, o que aumenta sua capacidade de atender os mercados mais exigentes e competitivos.

 

Como enxerga a atualidade do setor de Galvanoplastia, de maneira geral? Quais são os principais desafios e principais qualidades?

Nós somos dependentes dos insumos para galvanoplastia de outros países, e isto afeta diretamente nossos custos. Nosso maior desafio é procurar uma maior autonomia na obtenção de matérias-primas. Por outro lado, o nível técnico de nossas empresas tem aumentado, a mão de obra está se qualificando e a preocupação com o meio ambiente existe, inclusive com investimentos para este fim. Com o aumento gradual da produtividade, vejo o Brasil, neste setor, buscando o seu espaço na concorrência globalizada.

 

Como analisa o Brasil frente a outras potÊncias mundiais em galvanoplastia? Quais defeitos precisamos superar? 

Estamos vivendo um momento muito particular e, nesse setor, há grandes dificuldades a serem superadas, como a falta e/ou constante aumento de custo dos insumos. A crise energética também afeta diretamente as empresas brasileiras. Por outro lado, tendo-se um mercado interno grande, um bom nível de exportações (sobretudo no agronegócio) e diversificação mercadológica, o GMF (General Metal Finishing) tem tido um bom desempenho pós-pandemia.

 

Na sua opinião, qual é a grande inovação no setor de Tratamento de Superfície e Químico hoje? Por quê? Acredita que ainda existe algo a ser descoberto no setor?

Não se trata de uma só inovação e sim uma série delas com o objetivo de tornar os processos de tratamento de superfícies ambientalmente corretos e seguros. Isto vem ocorrendo ao longo dos últimos anos, como exemplo pode se citar processos isentos de cianeto, eliminação de cromo hexavalente e mesmo a substituição do níquel por metais com menos propensão a dermatites e alergias. Os novos desenvolvimentos para o setor, certamente, estarão dentro deste escopo e ainda há mais espaço para pesquisa e descoberta de processos e produtos ecologicamente corretos.

 

Com tantas – e rápidas – transformações o que é possível prever para o desenvolvimento do setor de um modo geral? Como vê o futuro do setor? 

O setor está ligado diretamente à economia de nosso país e consequentemente à global. Vivemos um momento complicado, porém, já passamos por altos e baixos, crises e épocas de esplendor, e o segmento de tratamento de superfícies continua. Acreditamos que, salvo mudanças drásticas, na indústria automobilística, em relação a substituição dos combustíveis fósseis, não teremos grandes alterações no segmento, em médio prazo.

 

São muitos anos de experiência, qual o grande aprendizado na indústria? 

O grande aprendizado que trouxemos da indústria é a ‘evolução contínua’. O aprimoramento constante, desde a compra da matéria-prima até o pós-venda, todos são fatores importantíssimos para se manter em crescimento neste mercado.

 

Enquanto profissional, quais foram as referências que utilizou, e utiliza? Como aplicou e aplica nas suas atividades?

No meu desenvolvimento profissional contei com inúmeras pessoas e empresas que me apoiaram muito, porém devo destacar duas em especial: o engenheiro Renato Mattana, que me mostrou o mundo de tratamento de superfícies e me ensinou todos os conhecimentos básicos; e o Sr. Cristiano Alessandri, que me ajudou a desenvolver o espírito empreendedor, motivando a implantação e desenvolvimento de empresas formuladoras atuantes no mercado.

 

Quais são os seus objetivos atuais e projetos pessoais para o futuro? 

Penso que deixamos algo para os mais jovens se preocuparem em dar continuidade. Temos o momento certo para parar e buscar outros objetivos que atendam outras necessidades além daquela que foi a motivação inicial para atuarmos neste segmento. Um novo projeto é tentar retribuir à sociedade o que ela nos permitiu e facilitou executar até este momento.

 

Por fim, qual a principal dica você pode dar para o profissional industrial de galvanoplastia no Brasil?

Para atuarmos neste mercado precisamos de uma boa tecnologia e um sistema eficaz de pós-venda, mas é necessária muita perseverança para vencer os desafios oriundos do alto grau de competitividade e complexidade que se impõem nos tempos atuais.  

 

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