Presidente da FAESC explica como o setor agrícola será um dos propulsores para a saúde econômica brasileira, fortalecendo, principalmente, a exportação a partir de uma visão estratégica
José Zeferino Pedrozo, Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (FAESC) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)
Há um sentimento geral no mercado e na sociedade segundo o qual 2020 assinalará o início de um longo período de crescimento econômico sustentado. A economia irá, finalmente, destravar e os projetos de investimento ganharão vida e forma. Esse é o desejo latente de empresários, empreendedores, trabalhadores e outros atores do mercado, acumulado no decurso desse fatídico ciclo de cinco anos da crise iniciada em 2014. A percepção não é apenas psicossocial. Corroboram com esse sentimento os indicadores macroeconômicos – todos positivos: inflação sob controle, juros no mais baixo patamar da história, risco-Brasil em queda.
No mundo existem capitais financeiros estocados a espera de clima e ambiente apropriados para que sejam investidos em projetos produtivos. Os sinais de retomada da atividade econômica surgem em diversos setores – como veículos, máquinas e equipamentos – sinalizando uma trajetória de crescimento sustentado da economia. Refletindo esse cenário, a projeção de crescimento do PIB para 2020 está em 2,32% e poderá ser revista para cima. O mercado já trabalha com 2,5% e 3%. A agricultura dará importante contribuição nessa retomada.
É preciso reconhecer que o Governo está determinado a apoiar o setor produtivo, estimulando a produção e apoiando os empreendimentos. São testemunhas evidentes dessa inclinação do Governo: a Lei da Liberdade Econômica, o Cadastro Positivo, a reforma da Previdência, a preparação das reformas administrativa e tributária e os ajustes das contas públicas.
Os sinais de melhoras preparam o terreno para a retomada do crescimento e a reversão das expectativas reflete o sucesso das estratégias governamentais. Por isso, em 2020 o crescimento será puxado pelas empresas e pelo ajuste fiscal. Ou seja, será resultado do binômio ajuste fiscal e produtividade. Como disse o ministro Paulo Guedes: “Chega de voo de galinha”.
O setor primário fará parte desse esforço. As exportações do agronegócio continuarão elevadas, especialmente nos segmentos de carnes e grãos. Os resultados serão ainda melhores se a agenda da produtividade avançar com abertura comercial, desburocratização, revisão das normas trabalhistas e reforma tributária.
No mercado externo está nossa grande saída. O Brasil responde há décadas por pouco mais de 1% do comércio planetário e nunca superou essa barreira. É preciso estabelecer parcerias estratégicas e posicionar o Agro como um ativo do Brasil nas suas relações com o mundo. O Brasil precisa de visão estratégica para diversificar exportações para a China, protagonista do mercado mundial.
Sugere-se estabelecer acordo de facilitação de comércio para eliminar entraves burocráticos entre os dois países. É necessário ampliar a cooperação também com os Estados Unidos, incluindo maior coerência e convergência regulatória. É imperioso promover uma nova dinâmica para o Mercosul, com a efetiva implementação do acordo com a União Europeia e ênfase a uma maior integração com outros importantes blocos econômicos.
Em 2020, com certeza, caminharemos nessa direção.
Acesse o conteúdo original publicado na revista Tratamento de Superfície, edição 218, página 50